sábado, 20 de setembro de 2014

Sábados não podem ser clonados

Cercado por partículas elementares em busca da despalavra.




Os sábados dos sábios não são os sábados dos bêbados
Os sábados podem ser dos poetas. Mas não só deles.
Os sábados chegam para os indiferentes às dores do amor
Para os que procuram um deus numa partícula de Bósons
E os vestígios que levem à fé vislumbrada por Higgs
Na caçada às outras partículas elementares e ordinárias
Da poeira que flutua no tempo a cobrir nossas emoções.

Não me roubem o sábado que me serve de ponte
Para as terras do nunca ou um passeio na tarde.
Os sábados são travessias como são outros dias
Mas só a eles me apeguei por motivos que nem sei
Os sábados se apresentam como fatos inexplicáveis
Mas falam por si mesmos como se fossem fotografias
Que valem por mil textos, dispensam legendas.

Sábados me ensinaram a viver feliz na despalavra
Como o barro onde imprimi os versos de Barros
Aprendi o silêncio, velho amigo e cúmplice do tempo,
Que às vezes é quebrado pelo barulho do relógio
Objeto inútil a querer apressar o adeus aos sábados.
Sábados apenas cumprem o que lhes reserva o destino
A morte é apenas um lapso, a vida é mais que um átimo.

Mesmo que meus sonhos sejam desprezível átomo
Os sábados provocam reações químicas infinitas
Então me vejo a pensar nas nuvens, na noite, na chuva
A revolver as lembranças em terra encharcada
A umedecer meus olhos com lágrimas abençoadas
Pela alegria inesperada ou pela tristeza que não domo
E que não se repetem assim como os sábados. E o amor.


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